LAJES BOLHA
- Rosangela Machado - Engenharia Rosa
- 31 de ago. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de abr. de 2021
COMO FUNCIONA O SISTEMA BUBBLE DECK.

“Bubble” traduzido do inglês significa bolha, então o bubbledeck seria uma “laje com bolhas”. O sistema consiste em esferas de plástico ocas colocadas uniformemente entre telas metálicas, de modo que ocupem a região em que o concreto não exerce função estrutural.
O concreto é um dos materiais mais utilizado na construção civil. No entanto, o processo produtivo de suas matérias primas consome grandes quantidades de energia e de recursos naturais não-renováveis e emite considerável quantidade de gases que contribuem para o agravamento de efeito estufa que o planeta está sendo submetido. Buscar formas de fazer o seu uso consciente nas construções, mas ainda aproveitando suas características estruturais, é um caminho coerente em direção a um futuro mais sustentável da construção civil. Para isso, é importante entender seus potenciais e fragilidades. No caso das lajes, uma grande desvantagem do concreto é o seu grande peso próprio, que limita vãos maiores, sob o risco de ruir a estrutura. O concreto apresenta boa resistência à compressão, mas muito pouca à tração e, por isso, o aço atua em conjunto no concreto armado, suportando os esforços de tração que atuam nas peças.

Nas lajes pré-moldadas, alveolares ou nervuradas, o espaço que seria ocupado pelo concreto tracionado é deixado vazio ou preenchido por um material de peso menor, como tijolos cerâmicos ou poliestireno expandido. Uma abordagem semelhante foi desenvolvida na década de 1990 por Jorgen Bruenig, que desenvolveu na Dinamarca um tipo de laje oca biaxial (hoje mais conhecida pelo nome comercial de BubbleDeck). Trata-se de um sistema composto por esferas ocas feitas de plástico, que ocupam os locais onde o concreto desempenha função estrutural de menor intensidade, tais como nas proximidades da linha neutra de peças submetidas à flexão. Nestes casos, as esferas, inseridas uniformemente entre armaduras de aço superiores e inferiores, preenchem com ar o espaço que seria ocupado por concreto que quase não contribuiria para a resistência final da peça. Dessa forma é possível reduzir entre 25% e 35% o peso próprio da laje (se comparado a uma laje maciça da mesma espessura), permitindo vãos maiores e diminuindo a seção dos pilares e as sobrecargas na fundação da edificação.

Também chamadas de lajes biaxiais alveolares, seu comportamento e cálculos se assemelham às lajes maciças de concreto, uma vez que os esforços são transferidos em ambas as direções horizontais até os pilares e às fundações. Podem ser construídas com o uso de módulos, pré-lajes, ou em painéis acabados. Necessita de menor quantidade de escoramento se comparado às lajes maciças ou mesmo às nervuradas, permitindo que as obras caminhem mais rápido, inclusive verticalmente. Utilizando-se componentes pré-fabricados, isso também pode reduzir significativamente a necessidade de mão-de obra, resultando em uma construção mais rápida e barata.
As esferas podem ser compostas por material reciclado de polipropileno ou esferas de poliestireno, com baixo peso específico e boa resistência. Após concretada, a peça aparenta ser uma laje maciça tradicional de concreto e as esferas permanecem na estrutura. Suas boas características acústicas e resistência ao fogo. Evidentemente, trata-se de um sistema que exige mais atenção no detalhamento, para que o projetista adeque as dimensões existentes às demandas de projetos. Outra questão limitante é que, em alguns países, ainda não há normativa própria para o sistema ou mão-de-obra com alguma experiência nesse método.

VANTAGENS
Ao substituir o concreto que não possui função estrutural pelas esferas de plástico ocorre uma diminuição do peso próprio da laje devido a diminuição do volume de concreto, deixando a laje mais leve sem causar perdas na sua função estrutural. Essa diminuição do peso próprio, que chega a ser de 35%, permite que as construções que utilizam esse método possuam vão maiores e menores restrições de sobrecargas.
Outras vantagens do sistema bubbledeck que podem ser destacadas:
Eliminação de vigas – economia de fôrmas, execução mais barata e rápida de alvenarias e instalações;
Redução do volume de concreto – 3,5 kg do plástico reciclável das esferas substituem 14,31 kg de concreto;
Redução de energia e emissão de carbono – devido a utilização de plástico reciclável, diminuindo o do consumo de matérias primas;
Liberdade nos projetos – layouts flexíveis que facilmente se adaptam a layouts curvos e irregulares.
Aumento dos vãos nas duas direções
Desempenho acústico em conformidade com a Norma de Desempenho 15.575/ABNT;
Ganho de pé direito com o embutimento das instalações na laje;
Permite utilização de cabos de protensão;
Resistência ao fogo pode variar de 60 a 180 minutos (verificações realizadas de acordo com a ISSO 834) e as esferas carbonizam sem emitir gases tóxicos em caso de incêndio.

DESVANTAGENS
Não normatizado em alguns países;
Necessidade de mão de obra especializada;
Possibilidade de dificuldade na execução por ter requisitos de projeto já especificados como largura mínima e espaçamento;
Cuidado especial no transporte;
Surgimento de problemas na ligação laje-pilar devido a alta concentração de esforços cisalhantes nessa área crítica.

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